Juntos, mas nem tanto assim. Ao subir no mesmo palanque do governador Eduardo Campos (PSB) pela primeira vez após 22 anos afastados por uma rixa herdada desde o governo de Miguel Arraes – avô do socialista -, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) fiz questão de lembrar que a aliança não excluiu suas divergências políticas. O cenário da imagem das mãos unidas e levantadas que quase ninguém acreditava ver até pouco tempo atrás foi o comitê do candidato a vereador da capital pernambucana Jarbas Filho (PMDB), filho do senador, que inaugurou o espaço localizado no Parnamirim, Zona Norte da cidade, neste domingo (4).
“Nós vínhamos conversando já há algum tempo e constatamos que tínhamos muito mais convergência do que divergências. O governador não me pediu que eu me rendesse nas minhas posições e nem eu pedi isso a ele. E não poderia pedir. E não pedi nenhum espaço de poder a ele. Eu, por exemplo, mantenho, e ele respeita, a minha posição de independência e de crítica ao governo federal, ao PT, sobretudo ao PT nacional. E o governador faz parte da base do atual governo da presidente Dilma. É um partido que tem uma posição de destaque, que dá sustentação ao governo federal”, explicou Jarbas.
O senador também fez questão de explicar que a aliança, prevista para 2014, foi antecipada por culpa da confusão interna do PT para escolher o nome que disputaria o pleito do Recife. “Esta aliança ela foi feita à luz do dia e não na base do subterfúgio. Fizemos isto para tentar salvar a situação em que a cidade se encontra. O PT abusou da consciência, da conduta, da inteligência dos recifenses. Nós somos contra esta prática de desrespeito ao povo do Recife. Pernambuco anda e o Recife fica parado. Humilhado, muito humilhado. O prefeito, por exemplo, coitado, não sei se é ele ou a sigla dele, ele hoje é contestado pelo rico, pelo pobre. É generalizada a rejeição, porque o abandonaram, o deixaram na rua. Brigaram muito mais do que tiveram convergência”, criticou o peemedebista.
Mais cauteloso, Eduardo Campos preservou o tom de paz política que a campanha do seu candidato a prefeito, Geraldo Julio (PSB), vem adotando. “A nossa campanha reuniu um grupo de lideranças que tiveram e têm um papel importante na história de Pernambuco e do Recife. Esse gesto de hoje se escreve com o “P” maiúsculo da política”, afirmou. “Só quem tem coragem sabe fazer a paz”, finalizou, citando o líder espiritual indiano Mahatma Gandhi.
MEMÓRIA - A rixa entre Jarbas e Eduardo se arrasta há cerca de 20 anos, quando Jarbas rompeu definitivamente com o avô do socialista, o também ex-governador Miguel Arraes. Ambos eram aliados. Arraes apoiou Jarbas para prefeito do Recife em 1985. No ano seguinte, o peemedebista apoiou Arraes para o Governo do Estado. Em 1990, havia a especulação de que Jarbas sairia para governador e Arraes para senador. Entretanto, Arraes ingressou no PSB e conseguiu se eleger deputado federal. Jarbas perdeu o Governo do Estado para Joaquim Francisco.
Até que em 1992, veio o rompimento definitivo. Arraes tentou emplacar Eduardo Campos como vice de Jarbas, que disse não. Em 2010, Jarbas e Campos se enfrentaram nas urnas e o socialista saiu como vencedor.
Nos bastidores, sabe-se que o governador tem interesse de apaziguar-se com Jarbas pensando em um projeto nacional, já que é cotado para disputar a Presidência da República.
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